segunda-feira, 1 de julho de 2019

Encerramento da Festa do Rosário 2019

É com muita satisfação que nos aproximamos do final da 18ª Festa da Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França. E para fechar com chave de ouro nos dias 6 e 7 de julho teremos na Penha duas atividades muito especiais:

Dia 6/07 (sábado)
Centro Cultural da Penha

15:00 – Roda de Conversa sobre formas de “parir”
Reflexão inspirada na temática da Festa: "Rosário, ventre que gera sementes da resistência" e nos trabalhos e histórias de vida de mulheres convidadas a compor uma roda de conversa provocando um debate sobre o existir e resistir em uma sociedade violenta e em crise.

Convidadas:
Susilene Elias de Melo, do Museu Wowkriwig (Sol Nascente, Kaingang, T.I. Vanuíre)
Mafuane Oliveira, pedagoga e contadora de estória da Cia Chaveroeiro
Vilma Martins integrante do Mulheres do GAU – Grupo de Agricultura Urbana
Mayara Cristina Silva Custódio é parteira, atua no Sistema Único de Saúde (SUS) e é membra da Associação de obstetrizes.


Dia 7/07 (domingo)
Largo e Igreja do Rosário

10:00 - Encerramento dos festejos: Missa Afro-brasileira com Padre Diego, coroação de Nossa Senhora do Rosário e retirada do mastro.


Foto: André Araújo

terça-feira, 14 de maio de 2019

Sagrado por Cassandra Mello

 

Fotos de Cassandra Mello da apresentação "Sagrado" ocorrida no dia 13 de maio de 2019 na Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França.






















terça-feira, 7 de maio de 2019

Sagrado - Musical-manifesto sobre o 13 de maio no Rosário


Sagrado é um musical-manifesto dirigido por Tita Reis e Renato Gama que reflete sobre o dia 13 de maio de 1888, data oficial de assinatura da abolição da escravatura no Brasil. Interpretações cênicas e repertório musical são construídos a partir de documentos de época, poesia e prosa, evidenciando contribuições importantes do movimento de pressão social que desencadeou no fim do regime escravocrata. O musical-manifesto, entretanto, não deixa de observar a permanência da injustiça social e do racismo nos desafiando a enfrentá-los como problemas contemporâneos de responsabilidade de toda sociedade.

Repertório

Deolinda (Tita Reis)
Dona Isabel (Mestre Toni Vargas)
Caminho de São Benedito (Renato Gama)
Contas do Rosário (Tita Reis)
Sementes (Tita Reis)
Tempo Rei (Gilberto Gil)
Canção de Guerra “Bata-Kotô” (André Luis)
Caifazes (Renato Gama / Tita Reis)
A menina e a pedra (Tita Reis)
Cerimônia para o funeral de um negro (Paulo Rafael / Tita Reis)
Mamãe Oxum (Renato Gama / Debora Garcia)
Nossa Senhora do Rosário (Renato Gama)
Deixo e Levo (Renato Gama)

Ficha técnica:

Almir Rosa - atuação
André Luis – voz, flauta e gaitas
Cyda Baú- atuação
Giba Santana - percussão
Heloisa de Lima - Voz
Jhony Guima - percussão 
Léo Carvalho - bateria
Mariana Per - Voz
Renato Abanã – percussão
Renato Gama - Voz e violão
Ronaldo Gama – Baixo
Sisa Medeiros - percussão
Tita Reis Voz - Violão
Wanessa Tibúrcio – Voz

Participação especial das Pastoras do Rosário

Adriana Tadeu - camarim
Almir Rosa – iluminação
Altair dos Santos - produção
Cassandra Mello – filmagem
Ivoneide F. Chagas - camarim
Júlio Marcelino – produção
Kauê Gama - produção
Marcelo Henrique – road
Marcos Silva - técnico de som
Patrícia Freire - produção e material de divulgação
Valdir Alexandre - produção


Data 13 de maio de 2019 – 20:00
Local Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França
Largo do Rosário, s/n, Penha de França, São Paulo – SP

Realização

Sá Menina Produções
Movimento Cultural Penha
Comunidade do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Nasceu uma criança linda!!! Cordão da Dona Micaela 2019



O Cordão Carnavalesco Dona Micaela pelo segundo ano sai as ruas do bairro da Penha, zona leste de São Paulo durante o Carnaval de rua 2019. 
A saída ocorreu em 24 de fevereiro envolvendo a comunidade do bairro, amigos e integrantes dos coletivos: Comunidade do Rosário dos Homens Pretos da Penha, Sá Menina Produções e Movimento Cultural Penha. 
Além de um domingo ensolarado o Cordão ganhou de presente também a presença da bisneta da Dona Micaela: Dona Domingas das Dores Feliciano acompanhada de sua sobrinha Vilma Paula Barbosa e família, conectando o Cordão com a ancestralidade da homenageada. 
Um dia emocionante com estréia de percurso novo pelo bairro, novos tambores confeccionados pelo mestre Doca de Carmo do Cajuru - MG, músicas novas compostas por J. E. Tico, Ronaldo Gama e Renato Gama e o casal de dindos Luzia Rosa e Almir Rosa.
O Cordão abriu seus trabalhos com a forte performance de Edi Cardoso que encenou aos pés da Igreja do Rosário o nascimento de uma criança simbolizando a luta pelo parto humanizado. 
Em seguida a bateria Batucaela comandada pelo mestre Renato Gama foi benzida pelas tradicionais baianas Lara de Jesus e Solange "Majestade Sol".
O Cordão da Dona Micaela é uma ação cultural e política que vai além da folia e reflete sobre a valorização da vida, o cuidado com as crianças e mulheres gestantes, e o respeito aos conhecimentos tradicionais africanos e indígenas.

Agradecemos o apoio do Centro Cultural da Penha, Subprefeitura da Penha, CET, Polícia Militar, Ops Propagandas e Eventos, Guia Penha Online, Diarinho da Penha e Rádio Brasil de Fato.
Agradecimento especial também a Érica Catarina, Cassandra Mello, Grupo Ururay e Sem Cortes Filmes.

Confira as fotos de Douglas de Campos





















sábado, 23 de fevereiro de 2019

Nasceeeeu! Por partos e nascimentos livres!

Cordão da Dona Micaela na Penha - 2018
Foto: Osmar Moura

Antigamente o parto era um evento estritamente feminino e caseiro, as mulheres tinham seus filhos em casa, eram acompanhadas por parteiras e apoiadas por outras mulheres de sua confiança. A partir dos anos quarenta, começou a crescer a tendência à hospitalização dos partos, sendo que no final do século passado mais de 90% destes, eram realizados em ambiente hospitalar. O desenvolvimento industrial presente no seculo XX, influenciou muitos setores da atividade humana, e a saúde, no que se refere ao cuidado, acabou incorporando a racionalidade mecanicista. Por conveniência das instituições e dos profissionais, cesáreas são agendadas como linha de produção, e o nascimento passou a ter características de bem de consumo, quem pode, paga por um bom atendimento, quem não pode, fica ao sabor da própria sorte. O atendimento despersonalizante, incorporados pelos profissionais ainda mesmo durante sua formação, corrobora para processos de desumanização e violências , com maiores repercussões na vida das mulheres negras.  
(RATTNER D; Humanização na atenção a nascimentos e partos: breve referencial teórico- Comunicação Saúde Educação v.13, supl.1, p.595-602, 2009)

Nos últimos anos é crescente no Brasil o movimento de humanização do parto, que busca trazer boas práticas para a assistência obstétrica, baseadas em evidências científicas e no direito a autonomia das mulheres sobre seus próprios corpos.
Dentre os dados alarmantes relacionados à partos e nascimentos em nosso país, está o elevado número de cesarianas (55,5% em 2016, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é entre 10% e 15% -Ministério da Saúde) e também as inúmeras violências obstétricas. A prática de empurrar a barriga da mulher para o bebê nascer é um procedimento contraindicado pelo Ministério da Saúde, chamado Kristeller, que pode causar sérios danos às mulheres e bebês. A episiotomia de rotina, que é o corte na vagina da mulher e a privação de movimentação durante o trabalho de parto são exemplos dessas violências.

Outra violência ainda muito silenciada e negligenciada em nossa realidade, que acontece com algumas mulheres neste momento tão importante de suas vidas é o racismo.
Cor e raça determinam o modo como uma mulher é tratada nos serviços de saúde - e em muitos outros espaços da nossa sociedade. Mulheres negras são as que mais morrem de hemorragia pós-parto, são as que tem um menor número de consultas pré-natal, levam maior tempo para serem atendidas, e sofrem mais com as violências obstétricas. Este é o racismo institucional e estrutural, exposto por pesquisadores como Jurema Wernek (UFRJ) e Luis Eduardo Batista (ABRASCO). 

Na grande celebração de cultura popular de nosso país, o carnaval, que também traz em si forte herança da negritude, o Cordão da Micaela tem a honra de homenagear uma parteira negra, mulher da comunidade, de saber ancestral, e que aqui representa tantas outras mulheres, exemplos vivos, mulheres bravas, as que vieram antes de nós e as que aqui estão, na linha de frente das batalhas diárias, promovendo cuidado, acolhimento, garantia e defesa nossas vidas e a potente liberdade de nossos corpos pretos. E que possamos assim, como sementes, multiplicar as narrativas de tantas benzedeiras, parteiras, rezadeiras que criaram e criam a história que nos trouxe até aqui.
 Trazemos importantes bandeiras em nosso estandarte: vidas negras importam, respeito aos corpos das mulheres, por nascimentos livres de violência, respeito à nossa ancestralidade, liberdade e direitos!  Salve Dona Micaela!

Cláudia, porta-estandarte do Cordão Dona Micaela
Foto Osmar Moura

Autoras: Gabriela Barbosa e Edi Cardoso